Enfrentar o tratamento para o Câncer de Mama exige força e resiliência. Enquanto o foco primário é vencer a doença, a manutenção da qualidade de vida e a prevenção de efeitos colaterais são essenciais para garantir que o plano oncológico prossiga sem interrupções. A pele, o maior órgão do corpo, é frequentemente a primeira a manifestar os impactos das terapias, especialmente a quimioterapia e a radioterapia. O ressecamento extremo, a coceira (prurido), a irritação e as queimaduras são desconfortos comuns que, se não forem bem gerenciados, podem levar a infecções e interrupções no ciclo de tratamento. Adotar uma rotina de cuidados preventivos e protetores é um ato de autocuidado fundamental.

O Impacto da Quimioterapia na Pele e Unhas

A quimioterapia atua destruindo células de rápida divisão, o que inclui, infelizmente, as células da pele, das mucosas (boca) e da matriz das unhas. Os efeitos mais comuns incluem:

• Ressecamento Generalizado: A pele perde a capacidade de reter água e se torna extremamente seca e sensível.
• Síndrome Mão-Pé: Vermelhidão, inchaço e dor nas palmas das mãos e solas dos pés, que podem evoluir para rachaduras e descamação.
• Alterações nas Unhas (Onicodistrofia): As unhas ficam mais frágeis, secas, podem escurecer ou até descolar do leito (onicólise).
• Mucosite: Feridas e inflamação na mucosa da boca e lábios.

A Regra de Ouro da Quimioterapia: Hidratação e Suavidade

O cuidado preventivo começa antes do ciclo de quimioterapia e continua depois. A chave é a hidratação intensiva e o uso de produtos neutros:

1. Banho Rápido e Morno: Água quente desidrata. Banhos curtos e mornos, com sabonetes sem perfume (neutros ou syndets), são os mais indicados.
2. Hidratante Corporal e Facial: Aplicar um hidratante emoliente e sem fragrância (ricos em ceramidas, ureia ou pantenol) várias vezes ao dia. A aplicação deve ser feita na pele ainda úmida, após o banho, para selar a umidade.
3. Proteção Específica para Mãos e Pés: Utilizar cremes ultra-hidratantes e usar meias/luvas de algodão à noite para potencializar a absorção. Evitar o atrito e sapatos apertados.

O Manejo da Dermatite de Radiação

A radioterapia é um tratamento localizado que utiliza raios de alta energia para destruir células cancerosas na região da mama. No entanto, ela também afeta as células da pele por onde o feixe de radiação passa, resultando na dermatite de radiação.

A pele na área irradiada pode se tornar vermelha, quente, coçar e, em casos mais graves, desenvolver bolhas ou descamação úmida (semelhante a uma queimadura solar grave). A prevenção de infecção e a cicatrização são cruciais para que as sessões de radiação possam ser concluídas no prazo.

Estratégias para a Área Irradiada

• Cremes Específicos: Usar apenas os cremes recomendados pelo radioterapeuta ou dermatologista oncológico da All Klinic. Muitos centros desaconselham o uso de hidratantes nas horas imediatamente anteriores à sessão.
• Evitar Fricção: Usar roupas leves, soltas e de algodão na região tratada. Evitar sutiãs apertados ou com costuras que causem atrito.
• Proibição de Calor e Frio: Não aplicar compressas quentes ou gelo na área, e evitar exposição solar direta na região para sempre.
• Proteção Solar Rígida: O local irradiado é permanentemente mais sensível ao sol. O uso de roupas de proteção solar e protetor com FPS 50+ é inegociável.

Cuidados com Terapia Hormonal e Sol

Muitas pacientes continuam o tratamento com terapia hormonal (como Tamoxifeno ou inibidores de aromatase) por anos. Embora estes medicamentos sejam menos agressivos, eles podem causar ressecamento e, notavelmente, aumentar a sensibilidade da pele ao sol, elevando o risco de manchas (melasma) e queimaduras.

Portanto, mesmo após o término da quimio e da rádio, a paciente oncológica deve manter o uso rigoroso de filtro solar, ter uma rotina de hidratação e buscar acompanhamento dermatológico para gerenciar a pele de forma suave e preventiva. O cuidado da pele é uma parte integrada e contínua do caminho para a recuperação total.