Câncer de Mama e Obesidade: Entenda a Relação Hormonal e o Impacto do Peso no Risco da Doença
A cada ano, a ciência oncológica reafirma a importância dos fatores de estilo de vida no risco de desenvolver câncer. Entre eles, a Obesidade se destaca como um dos fatores de risco modificáveis mais preocupantes, com uma correlação clara e direta com o aumento da incidência e da mortalidade por Câncer de Mama. Para mulheres na pós-menopausa, o excesso de peso é um fator de risco ainda mais significativo. Entender essa relação biológica complexa é o primeiro passo para a prevenção, reforçando que o controle do peso não é apenas uma questão estética, mas uma poderosa estratégia de saúde oncológica.
O Efeito Pós-Menopausa: A Fábrica de Estrogênio
A relação entre Câncer de Mama e Obesidade é mais acentuada após a menopausa, e o mecanismo principal é hormonal. Antes da menopausa, os ovários são a principal fonte de estrogênio (o hormônio que pode estimular o crescimento de tumores mamários hormonais positivos). Após a menopausa, a função ovariana diminui drasticamente, e a principal fonte de estrogênio no corpo da mulher passa a ser o tecido adiposo (gordura).
- Aromatase e Conversão Hormonal: As células de gordura (adipócitos) contêm a enzima aromatase. Esta enzima tem a função de converter os andrógenos (hormônios masculinos, presentes em mulheres) em estrogênio.
- Estrogênio em Excesso: Quanto mais tecido adiposo, mais aromatase, e, consequentemente, mais estrogênio é produzido e circula no corpo.
- Estímulo Tumoral: Níveis cronicamente elevados de estrogênio estimulam o crescimento e a divisão das células da mama, aumentando a probabilidade de que uma dessas células sofra uma mutação e se torne cancerosa.
Este ciclo explica por que a obesidade é um fator de risco mais forte para tumores de mama que são receptores hormonais positivos na pós-menopausa.
O Segundo Mecanismo: Inflamação Crônica e Insulina
Além do fator hormonal, a obesidade promove um ambiente que favorece o crescimento do câncer através de dois outros mecanismos:
1. O Estado Inflamatório Crônico (Inflammaging)
O excesso de gordura, especialmente a gordura visceral (abdominal), não é apenas um depósito inerte; é um órgão metabolicamente ativo que secreta substâncias pró-inflamatórias (citocinas). Este estado de inflamação crônica de baixo grau (inflammaging) cria um microambiente propício ao câncer, danificando o DNA e fornecendo sinais de crescimento e sobrevivência às células tumorais.
2. Resistência à Insulina e IGF-1
A obesidade está intrinsecamente ligada à resistência à insulina. Níveis altos de insulina e de Fator de Crescimento Semelhante à Insulina tipo 1 (IGF-1) no sangue também atuam como hormônios de crescimento, estimulando a proliferação celular, o que pode acelerar a progressão de células pré-cancerosas em tumores malignos.
A Prevenção: O Controle do Peso como Terapia
A boa notícia é que a relação entre Câncer de Mama e Obesidade é reversível. O controle do peso, a dieta e a atividade física atuam como poderosas estratégias de prevenção:
- Atividade Física: O exercício regular comprovadamente reduz o risco de câncer de mama. Ele diminui a gordura corporal, regula os níveis de insulina e melhora a função imunológica.
- Controle de Peso: A perda de peso, mesmo que moderada (5% a 10% do peso corporal), pode reduzir os níveis de estrogênio circulante, diminuindo o risco.
- Dieta Anti-inflamatória: Uma dieta rica em vegetais, frutas e fibras e pobre em açúcar e gorduras processadas ajuda a combater o estado de inflamação crônica.
Para pacientes que já tiveram Câncer de Mama, a manutenção de um peso saudável é igualmente vital, pois a obesidade aumenta o risco de recorrência e de mortalidade. Na All Klinic, o acompanhamento com nutrólogos e endocrinologistas é parte essencial da estratégia de saúde preventiva e pós-tratamento, fornecendo o suporte necessário para que a mulher possa controlar seu peso e, consequentemente, seu risco oncológico.